sábado, 31 de julho de 2010

A Califórnia é (mesmo) diferente, irmão

Ítalo Penarrubia, de Sto. Andre: ouro no half amador (foto ESPN)
Embora já tenho passado da idade de trepar numa moto estilo cross e ousar saltos e piruetas, ou de surfar no seco em cima de um skate, não posso deixar de curtir as manobras radicais deste 16º X Games, transmitido pelo cabo, nos canais ESPN. Se temos um apelo a nos mover para o novo dentro de casa, como tenho por meio de meu filho mais velho, Pedro, que neste momento trabalha nas transmissões pela TV desde Los Angeles, correndo do Staples Center para o Nokia Theater e daí para a arena do Coliseum, a bizarrice vai ficando menor. Já se vai o terceiro ano em que vou aprendendo o que é flipar numa motocross freestyle ou num skate em suas várias modalides – Big Air (mega-rampa), Vert (vertical) ou Street (rua). Ainda não cheguei a pegar gosto pelos carros que disputam rallyes, mas os nomes dos talentos começam a habitar minha mente. Se na noite de abertura, quinta-feira, o nome da fera foi Travis Pastrana, na ferveção de sexta, quem deixou a marca maior foi o canadense Jean-Luc Gagnon, vencedor de dois ouros nas modalidades Vert e Best Trick (este, o de melhor salto). Os caras vão se alternando por um tempo determinado, com número pré-definido de tentativas, deslizam pelos 180º graus da rampa, mais "erram" do que acertam e, de repente, está lá – encaixam o salto e a manobra perfeitos, disparam na pontuação e fazem o pódio do ouro ao bronze. Desafiam a gravidade e vão promovendo a evolução de um esporte que, apesar de ter menos de duas décadas como evento competitivo, é um espelho da capacidade dos Estados Unidos, e em especial da Califórnia, de criar novos gostos e padrões de comportamento mundo afora. Surf, skate, motocross e bicicross são invenções californianas que ganharam corações e mentes de jovens do mundo inteiro. Mesmo sendo um evento privado, pois a marca pertence ao canal ESPN, os X Games já são um fenômeno multicultural e multinacional. Nas tábuas de classificação, destacam-se, naturalmente, californianos, americanos, canadenses, franceses, japoneses, australianos, neo-zelandeses e brasileiros também. Temos alguns ídolos globais, como Bob Burnquist, e algumas jovens promessas, como o garoto catarinense Pedro Barros, de apenas 15 anos, e Ítalo Penarrubia, ouro na categoria amador. Em dezembro, haverá uma edição dos X Games em São Paulo e certamente veremos um sambódramo paulistano bombando com mais de 30 mil pessoas na galera. O bacana desses jogos é que eles evoluíram mantendo uma essência de desafio e amizade entre atletas, própria de um tempo na  infância e adolescência em que garotos fazem da rivalidade um saudável exercício de triunfo da determinação, sem necessariamente furar a jugular do oponente. Isso a Califórnia soube explorar, empacotar e exportar para o mundo como jamais se viu. Por isso, irmão, a Califórnia é mesmo diferente, como disse a música de Lulu Santos tempos atrás.

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