quinta-feira, 29 de abril de 2010

55

Chegando aos 55 anos, este 1º de Maio de 2010, resolvi contrariar Turgueniev. "Nada como a sabedoria de um homem de mais de 55 anos", diz-se que ele disse isso. Se disse ou não o disse, vale o mote. Assumi riscos e entro na Blogosfera. Ainda sou jornalista e, se tiver notícias, as postarei aqui. Notícias serão notícias. Estarão bem separadas de opiniões, minhas e de outros. Pois isso me intriga na imprensa de hoje. Aquela regrinha básica que aprendemos na escola de jornalismo, embora eu pouco tenha ido a minhas aulas na USP (mas conclui, afinal), está hoje absurdamente violada na imprensa brasileira. Mesmo que a velocidade da Internet tenha deixado um pouco em desuso, ou, pelo menos, muito volátil, a notícia, parece haver uma incrível propensão de os jornalistas deitarem falação sobre todo o alfabeto. De A a Z. Opinião, opinião e mais opinião. E há os epígonos do Paulo Francis, para quem a regra é aquela mesma: "Não me importa que a mula manque, eu quero é rosetar." Mas pelo menos ele era divertido e reconhecidamente encarnava um personagem. Hoje tem gente demais cheia de razão e pouca informação. Cuidado também não há. Isenção? Uma quimera! Já estive na linha de frente de uma editoria de economia de um grande jornal e de uma grande revista semanal do Brasil, deixei o jornalismo para trabalhar no governo (Lula I), no caroço do abacate do poder (Ministério da Fazenda). Sou um dos três autores da "Carta ao Povo Brasileiro" de Luiz Inácio, de junho de 2002. Voltei para Sampa e hoje trabalho no lado privado. Tudo isso me fez ficar muito mais cuidadoso. A vida companheiro, como dizia o Poetinha, não é brincadeira. E assim dito, vamos bloggar. Vamos enfiar o Pé na Jaca.