quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Pas de Dieu de Ganso

Paulo Henrique Ganso foi, a meu ver, a figura mais luminosa numa noite de futebol espetacular, ontem (12/5). O que ele fez em Grêmio 4 X 3 Santos nos ajuda a entender o que é o futebol e o papel do jogador luminar, que o Dunga não quis ver. A primeira enfiada de bola de Ganso para o bom centroavante André, entre três jogadores do Grêmio, revela o fundamental: a transição rápida da defesa ao ataque, num contra-ataque fulminante, é mortal quando passa pelos pés de um gênio (caso de Ganso) ou mesmo de um jogador muito bom (caso de Douglas, meia do Grêmio, que tem qualidade para fazer uma jogada deste tipo). Desde que a Laranja Mecânica de 74 colocou o Brasil na roda e mudou os rumos do futebol, introduzindo a tônica conjunto-velocidade, temperada pela habilidade de um gênio (Cruyff), sabe-se que todo grande time precisa de um meio de campo que alie combatividade e criatividade. Em verdade, sabe-se disso bem antes da Holanda de Rinus Mitchel. Até porque foi assim que o Brasil faturou o caneco do Tri no México, com talvez o melhor meio de campo da história do futebol: Clodoaldo, Gerson e Rivellino, temperado pelo três da frente infernal: Jairzinho, Pelé e Tostão. (O 4x3x3 ainda é uma excelente formação no futebol!). Mas o jeito de jogar era outro e foi o que a Laranja Mecânica mudou. O Santos de hoje tem um meio-de-campo espetacular: Arouca, Wesley, Marquinhos e Ganso. Pouco se fala nele, mas Wesley é um jogador sensacional, visceral. Combate, arma em velocidade e arremata muito bem de fora da área. E temos o Ganso. E o que parece ser o Ganso? O Ganso parece ser uma criação única dos Deuses, que botaram num cadinho um tanto de Cruyff e um muito de Gerson. Como Gerson, Ganso tem uma canhotinha de ouro. Como Cruyff, tem a passada rápida e a cabeça erguida. É claro que estilos são estilos. Comparações apenas nos servem para entender o novo. E o novo está na jogada sublime de Ganso no terceiro gol do Santos. Reparem no vídeo. Calma com a bola no ângulo direito da grande área, tempo de bola, cabeça erguida, invertida sutil em diagonal para o ângulo direito da pequena área, no peito de Robinho, que com categoria assinou a pintura. Se o Santos de hoje tivesse Júlio Cesar no Gol, Maicon na direita, Lúcio e Juan na zaga, o conjunto canarinho estaria quase pronto. Mas esta é outra conversa. Melhor deixar para lá.

Um comentário:

  1. Pois é pai! Infelizmente o nosso comandante Dunga não pensa assim. Ele prefere Júlio Baptista... Lamentável!

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