sábado, 22 de maio de 2010

Paciência em jogo novo


O furo da Reuters, com os trechos da carta de Obama, de 15 dias atrás, ao presidente Lula é fato novo. Mostra como as pessoas, principalmente os profissionais da informação, devem ser cautelosas. Apressados construíram o seu texto para desconstruir o que Lula conseguira, junto com o primeiro-ministro Erdogan. Outros mal disfarçaram o riso contido ante a reação imediata comandada por Hillary Clinton. O fato é que este é um acontecimento daqueles que embaralham o meio-de-campo. É melhor ter cautela com as opiniões apressadas. Surpreendentemente, dois antípodas nos ensinaram algo nesses dias. O primeiro foi o próprio Lula, em Madri, dizendo contidamente aos repórteres que era preciso esperar que os fatos "maturassem". O segundo, surpreendentemente, veio do quase sempre ácido (com Lula) Estadão, reconhecendo em editorial o seu feito e sugerindo que o melhor a fazer era observar o desenrolar do jogo na ONU e fora dela. De todo modo, é curioso ver algumas tentativas de desqualificar, pela crítica, diga-se, e não pelo deboche, o caminho trilhado até o acordo. Bom que elas existam e se expressem. Só acho que o Espaço Aberto da jornalista Miriam Leitão ficaria mais aberto se ouvisse contrários e não só o pensamento unívoco dos embaixadores Luís Felipe Lampreia e Sergio Amaral. Para os três, repórter e embaixadores, continuar Rio Branco seria o Brasil não se meter em ações diplomáticas que tomam partido. É um ponto de vista. Existem outros, como o de que o partido tomado foi o da busca da paz. É claro que política internacional e o jogo diplomático não tratam de um passeio no Eden. Até porque quando as tratativas diplomáticas saem de cena costumam falar alto os canhões. Neste caso, mesmo com o rascunho de resolução apresentado por Hillary no Conselho de Segurança, atrasou-se a minutagem do conflito. E o Irã veio para o campo de jogo. Nada está garantido, mas é sempre bom quando um pouco de luz se faz. P.S.: assinante que sou da ótima Globo News, sugiro-lhes um pouquinho mais de diversidade. Faz bem a nossa inteligência e ao nosso direito de consumidor.

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