segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mano e meus sentimentos divididos

Jogadores festejam Mano (Ig/Gazeta Press)

Fui ontem ao Pacaembu ver o jogo Corinthians 3 X 1 Guarani. Fim de tarde e início de noite muito agradáveis na capital paulista, com temperatura pela casa dos 20 / 21 graus. Estádio sempre acolhedor, com a magnética (Jorge Benjor) fluindo tranquilamente para as arquibancadas que, 50 minutos antes do jogo, não dão a impressão de que vão encher. Mas enchem: 27 mil almas, entre pagantes e não pagantes, deixam quase nenhum buraco nas arquibancadas verde, amarela e laranja; o tobogã também enche, mas as fileiras de assentos das numeradas, a R$ 100 cada, sim, mostram bem menos gente. De todo modo, é um Pacaembu a caráter para a despedida de Mano Menezes. No final, com a satisfação da vitória, a emoção toma conta do estádio. O clima de despedida, que já começara quando o time entrou em campo, por volta de 6:15 da noite, atinge o clímax. Ninguém arreda pé, o técnico Mano Menezes, inteligentemente, faz uma discreta volta olímpica. É efusivamente saudado pela torcida e, mesmo quando chega atrás do gol do Tobogã, na boca dos vestiários, tem a sensibilidade de desvencilhar-se da turba de repórteres e ir saudar a torcida que pagou os ingressos mais em conta. Definitivamente, o cara tem a chamada inteligência emocional. Estive entre os que se emocionaram; aplaudi contidamente, mas não revoguei meus sentimentos divididos com relação ao ex-técnico do Corinthians. A estatística mostra que ele é vencedor e alguns cronistas exagerados realçam que "quem dirigiu e ganhou a Batalha dos Aflitos está apto a dirigir a Seleção Brasileira", referindo-se ao jogo final da série B de 2006, quando com apenas 7 jogadores em campo, após 4 expulsões, o Grêmio ganhou por 3 X 2, precisando apenas de um empate contra o Náutico, no Recife. Dois desafios maiores, porém, de final de Libertadores, com o Grêmio em 2007, e de oitavas este ano, com o Corinthians versus Flamengo, ficaram como pedras no sapato de Mano Menezes. E é onde eu penso que ele ainda falha. Alguns chegam ao exagero de dizer que os seus times são retranqueiros. Mas vejo-os mais como excessivamente movidos a volantes. Posso dizer que poucas vezes me encantei de verdade com os jogos do Corinthians, mesmo o time sendo bastante eficiente este ano. A equipe que veio da série B e ganhou a Copa do Brasil em 2009, sim, me encantou. O período em que Ronaldo jogou bem, igualmente. Agora, vi um excesso de experimentos no meio-de-campo. No jogo de ontem, por exemplo, o Corinthians esteve mal escalado com Jucilei como primeiro volante, Elias segundo, e Paulinho terceiro, com intenção de ser meia. Não foi nem uma coisa nem outra. O que se viu foi um competente quadrado de meio-de-campo armado pelo técnico Mancini jogar compacto e ganhar as bolas, acionando o contra-ataque rápido puxado pelo bom meia-ponta Mazola, autor do gol de empate do Bugre. As expulsões de Dentinho, do Corinthians, e de Ailson, do Guarani, foram uma piada, erros clamorosos do juiz. No final, brilhou a estrela do craque emergente, Bruno Cézar, que fez os dois gols da vitória do Timão. Com tudo isso, talvez eu esteja querendo o técnico perfeito. Ele existe? É difícil aparecer um. Depende de haver estabilidade na diretoria do clube, de existirem recursos e inteligência para contratar, de se formar um grupo com bons jogadores e mais um ou outro craque. Depende de tempo para entrosar o time e de vários outros fatores. Mesmo Telê Santana, o melhor dos técnicos brasileiros em minha opinião, tinha suas manias e foi contestado. Assim, vem aí a prova de fogo de Mano Menezes na Seleção Brasileira. Que o seu bom senso e firmeza no trato público, bem como no trato de vestiários e bastidores do clube, levem-no a montar a Seleção como o público deseja ver jogar, segundo disse na coletiva de ontem. Nela, evitou a expressão futebol-arte. Mas há material humano suficiente para isso e é disso que se trata no pós-Dunga. É isso o que queremos, rumo a 2014.

Um comentário:

  1. Dunga passou, Mano também e em 2014 com Felipão tomamos um sopapo dos alemães, 7x1. Fabricaram uma Copa do Mundo num país com problemas sociais gigantescos e mais importantes a serem resolvidos. Estamos em 2015, Dunga voltou, e estamos cada vez mais mergulhados numa crise política que parece sem fim. Isso é o Brasil. Do amigo, Reginaldo.

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