segunda-feira, 5 de julho de 2010

Vem aí 1974 ao contrário?

Quando Rinus Michel trouxe ao mundo o Carrossel Holandês, em 1974, o mundo ficou assombrado e, por que não?, mais feliz. De bate pronto, pergunte-se a alguém medianamente entendido em futebol sobre que seleção ele vai se lembrar: da Holanda, vice-campeã, ou da Alemanha, campeã. Muito provavelmente, dirá Holanda. Eu, que não sou cronista esportivo ou especialista, apenas um amante do futebol mais do que medianamente informado, que jogou bola e tem um irmão do qual todos nos orgulhamos em casa, quarto-zagueiro clássico do time profissional da cidade (Ituiutaba) aos 15 anos de idade, me lembro bem de Cruyff, Resenbrink, Neeskens e Jonny Rep. Do outro lado, havia um grandíssimo time, com Beckenbauer, Sepp Maier, Breitner, Overath e Müller, mas, pela plasticidade do jogo, ou pelo chocolate que o Brasil levou, acabou ficando na minha mente mais a magia do time holandês do que a eficiência implacável do escrete alemão. Hoje, por uma agradável coincidência refletida em espelho, temos a magia dos jovens nibelungos comandados por Joachim Löw e temos também a Nova Laranja Mecânica. O espírito da Holanda de 74 está agora com a Alemanha, como já esteve com o Brasil de 1982. E é isso que tem encantado no time alemão. Fazia tempo, bastante tempo mesmo, que não tínhamos em Copa do Mundo uma seleção de encher os olhos. Mas o futebol é sempre repleto de poréns. É claro que a Celeste pode botar uma pedra de sal na caminhada do time holandês e chegar ela mesma à grande disputa. Mas parece um tanto evidente que é a Holanda que deve chegar à final. A lógica diz que com a Alemanha, embora a Espanha, como a Itália de 1982, também pode erguer-se como a Fênix. Em vôo, a Fúria já está. Mas, como disse Joachim Löw, terá pela frente um time "com sede de conquistas". Se der o que o jogo jogado em campo, até o momento, aponta, teremos uma final Alemanha X Holanda. E é aqui que a ironia do destino poderá falar mais alto. Pode dar a, hoje, muito eficiente Holanda, como que movida pelo espírito de Helmut Schön, o vencedor técnico alemão de 1974. Se der, só nos restará guardar na retina, como uma doce lembrança, a beleza do toque de bola dos meninos de Munique e Bremen. Do lado holandês, em compensação, já há uma clara indicação de que existe no time um craque diferenciado, daqueles que, se há conjunto, aparece como homem decisivo. Wesley Sneijder está para a Holanda assim como Lothar Matthäus esteve para a Alemanha campeã de 90, Zinedine Zidane, para a França de 98, Diego Maradona, para a Argentina de 86 e Romário, para o Brasil de 94. Torço pela Alemanha, mas me arriscaria, na Casa de Apostas, a botar fichas na Holanda. Só para fazer um hedge contra os Deuses caprichosos do futebol.

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