terça-feira, 27 de julho de 2010

Preguiça boa


A boa surpresa nesta manhã é que me dei conta por acaso de como o dia sempre pode começar melhor. Neste segundo dia de volta das férias, já um pouco atrasado para minha aula de natação, sou obrigado a me apressar. Pego o carro e ligo o rádio. Normalmente, a caixa despejaria a voz modular e levemente grave de Herodoto Barbeiro, no Jornal da Manhã da CBN. Seu bom humor matinal anima as notícias que vão se repetir ao longo de todo o dia durante os vários programas da rádio, nas vozes de outros apresentadores. Mas, desta vez, o que inunda o carro é o som do CD que havia deixado no gatilho, ao chegar em casa. Lembro-me de que estava ouvindo João Donato e seu trio, na edição da série de MPB publicada pela Folha. Muito a propósito, segue a faixa "Café com Pão". Na verdade, gostaria de tê-la postado acima, porém, como não consegui nada no Youtube, vamos com o "Lugar Comum", que é a faixa anterior do mesmo CD. Mas o que temos aqui é uma outra versão. De todo modo, ela conta tudo sobre o que eu queria dizer. É verdade que estamos na segunda quinzena de julho na grande urbe do Hemisfério Sul e a manhã é atípica. Trânsito calmo. Poucos motoqueiros ainda; mães levando filhos em cima da hora para o colégio também não há. Tampouco motoristas estressados. De sorte que em menos de 10 minutos venci os pouco mais de 6 quilômetros entre meu apartamento e a pequena academia do Muro Azul, de Moema. Nesse breve intervalo, posso repassar de novo, no doce teclado de João Donato e na sua voz bamboleante, o quanto tudo poderia ser simples na vida da gente, se tivéssemos competência para não complicar as coisas. Os acordes são suaves e a harmonia do piano com o baixo e a bateria até dão a falsa impressão de que há ordem no Caos paulistano. Fica bem mais fácil desenferrujar as juntas que o frio argentino endureceu durante as férias. Mesmo que o impiedoso professor, em sua cadeira de rodas, me peça um medley progressivo logo no segundo exercício. Agora cai a ficha de que estou de volta à rotina do trabalho e da labuta para impedir que o colesterol tome conta das coronárias. Um homem de 55 anos precisa se cuidar. Mas se cuidar ao som de João Donato, que vai me inundar a cabeça o dia todo, facilita as coisas. Salve João! Ave Donato!

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