quinta-feira, 8 de julho de 2010

Três motivos para apostar na Holanda

Banquete do Casamento Camponês - 1568

Ainda bem que fiz meu hedge, apostando na Holanda. A Espanha de ontem foi a Espanha campeã da última Eurocopa e a Alemanha, infelizmente, voltou a ser a Alemanha, apenas semifinalista, da derradeira Copa do Mundo. Talvez a falta do jovem atrevido, Müller, tenha prejudicado o time. Talvez a surpresa com sua própria trajetória tenha vergado o time em sua hora H. Ou talvez o técnico Joachim Löw tenha cometido um erro na armação da equipe. Nunca se vai saber. Mas o que se sabe é que a Espanha veio com o apetite necessário. Espanha que soube superar, ao longo da competição, a sua grande carência - ameaçar sem concretizar o gol. De certo modo, repetiu isso no jogo de ontem e a partida só não foi para algo mais arrastado, como uma prorrogação, porque o zagueirão de raça, Puyol, resolveu fazer o que o pessoal da frente não conseguia. Botou a bola no filó com uma cabeçada fulminante, algo parecido com o que Juan fizera no jogo contra o Chile. Parecido por causa da parede que o outro zagueiro espanhol fez, aparando a zaga alemã enquanto Puyol chegava na bola mais vívido que um touro miúra pelas ruas de Pamplona. Será suficiente para ganhar a final? Pintou o campeão? Por mim, continuo acreditando na Holanda. Acho que não deixará escapar o título pela terceira final em que chega. Por três razões: 1) Quem viu a comemoração especialmente de Arjen Robben ao fim do jogo contra o Uruguai, assim como a dos demais jogadores, pode concluir que o escrete laranja acumulou força moral de campeão; 2) Os deuses do futebol parecem ter desenhado o caminho para que o baixinho Wesley Benjamin Sneijder venha a ser o craque do campeonato, além de a Fortuna estar sorrindo mansamente para ele, como se viu nos gols que fez tanto no Brasil como no Uruguai, com chutes desviados em defensores; 3) a Holanda tem um time sólido; pode não ser o velho Carrossel; pode não haver em campo o encanto de Gullit, Reijkard e Van Basten. Ou, em contraste, pode a Nova Laranja Mecânica não ter a fluência da Fúria. Mas uma coisa dá para dizer: time que vai adiante invicto, sem empates, desde o primeiro jogo, tem tudo para terminar a jornada levantando o Caneco. E por pouco que se fale nele, a Holanda tem ainda algo que faltou à Alemanha - tem um senhor líbero chamado Van Bommel, rodado, curtido na própria Espanha e muito equilibrado. Vejam-se as cenas de um Robinho estéril e histérico ante o rosto impassível desta que mais parece uma figura saída de um dos quadros do pintor flamengo Pieter Brueghel.

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